Foram pedidas duas casas a edificar num estreito lote ladeado pelos bananais de Santa Rita, no Funchal. Desenhámos um único objecto, uma extrusão de terreno, que contrariasse a construção corrente, excessiva e afirmativa da paisagem madeirense. Uma tipologia inserida na topografia e não apenas mais uma sobreposição construída – uma não-casa.

A vista surgiu como a grande protagonista, contracenando com o volume e os seus vãos, revelando a sua plenitude na cobertura, a norte e a sul. Uma “latada” vegetal resguarda os espaços exteriores, extendendo o jardim para o topo do objecto.

No interior redescobrimos a Casa Madeirense, esquecida em tempos recentes. Os espaços sucedem-se em sequência, coroados por tectos em caixotão, renunciando a necessidade de circulação; são polivalentes, permitindo uma apropriação que pretende ser evolutiva, de acordo com as necessidades dos seus ocupantes. A sala revela-se o centro de uma casa que se anuncia como vernacular, mas também contemporânea.

Extrudida de uma escarpa madeirense surge uma Casa Planalto que vê o mar e as montanhas.

c. catarina ferreira | funchal, madeira | 2021 –