O programa pedido no concurso consistia em duas soluções arquitectónicas – uma cobertura permanente sobre um mercado exterior existente e uma cobertura removível para alojar uma feira de rua temporária.
Devido ao mau estado de conservação do Mercado, a proposta foi dividida em duas fases: uma primeira que ambiciona cumprir os requisitos do concurso e uma segunda que pretende recuperar e remodelar o exterior do edifício existente.
A proposta apresentada resulta da vontade de criar duas coberturas leves e imateriais, que funcionem como antítese das pré-existências, escuras e tectónicas, e que respondam ao contexto urbano em que se encontram, consolidando e criando espaços exteriores.
Um objeto cobertura permanente concebido a partir de um volume opaco que coroa e completa o desenho do Mercado. Aberturas transversais na sua volumetria, que se ajustam à presença dos metrosíderos, filtram a luz que incide sobre o espaço coberto criando uma nova atmosfera abrigada das intempéries.
Um objeto cobertura temporário de construção modular, translúcido, que responde ao desenho da Rua. Revela a sua delicadeza construtiva através de uma materialidade efémera, filtrando a luz do espaço público da feira que protege na sua alçada, tocando levemente no pavimento – uma antecâmara que precede a chegada ao Mercado. Na sua base são posicionados pontualmente os módulos dos feirantes como se de extrusões do pavimento se tratassem.
Tal como na arquitetura vernacular açoriana procura-se a relação entre leve e pesado, entre natureza e construção, entre o céu e a terra.
c. catarina ferreira | vila franca do campo, açores | concurso público | 2021